Mobilização dos Auditores-Fiscais da Receita Federal garantiu a doação de R$ 31,6 mil para o Projeto Cidades Invisíveis, que desde 14 de setembro está oferecendo capacitação gratuita para 10 moradores do Morro da Mariquinha, na Capital
Yasmin é a caçula da turma, tem apenas 17 anos. Bruno é um dos mais conectados, tem 28 anos, trabalha como estoquista e sonha com uma carreira no mercado da tecnologia. Já a Luana, 34 anos, não esconde a decepção de ter perdido uma oportunidade e tanto de trabalho porque não sabia usar o computador. Augusto, 52 anos, é inspiração para os mais jovens: concluiu o Ensino Médio em junho e já planeja fazer faculdade. Incentivado pelo pastor, quer estudar Teologia. “E assim que sobrar um dinheirinho, quero comprar um computador porque sei que informática não é luxo, é necessidade”, diz.
Ainda que com histórias e experiências de vida diferentes, estes quatro moradores do Morro da Mariquinha têm ao menos um grande interesse em comum: saber usar os principais sistemas operacionais de um computador e os recursos oferecidos pela internet. Desde 14 de setembro, os quatro estão frequentando as aulas semanais oferecidas pelo Projeto Cidades Invisíveis no laboratório cedido pela Fundação Vidal Ramos, no Centro da Capital. Ali, sob o comando do professor Douglas do Carmo Silva, a turma de dez alunos (selecionados entre 38 interessados) está aprendendo o bê-á-bá da computação, com aulas teóricas e práticas que ensinam a usar sistemas como o Windows e o Office e navegar na internet. Na web, o passo a passo para abrir uma MEI, consultar o SPC/Serasa ou registrar um B.O. online.
O curso, realizado sempre às terças e quintas-feiras, das 19h às 20h30, é gratuito. E todos os alunos são moradores do Morro da Mariquinha – outras comunidades já demonstraram interesse na capacitação. Para custear as despesas desse projeto-piloto, o Cidades Invisíveis contou com a doação de R$ 31,6 mil arrecadados pela campanha “Dê uma Chance”. A mobilização dos Auditores-Fiscais da Receita Federal foi coordenada pelo Sindifisco Florianópolis, Unafisco e Anfip-SC e contou com doações de 80 filiados. Na noite da última terça-feira (5/10), os três presidentes sindicais acompanharam a aula e conversaram com os alunos.
Prestando contas – Coordenador de Relacionamento do Projeto Cidades Invisíveis, Tobias Alencastro prestou contas aos Auditores-Fiscais e falou dos planos para 2022, quando inicia a 2ª fase do curso. “Este é um projeto-piloto, estamos mapeando as possibilidades e interesses de cada um e usando a infraestrutura da Fundação Vidal Ramos. Entre o fim deste ano e início do ano que vem, teremos as nossas instalações no Morro da Mariquinha, com novas turmas e horários”, explica Tobias.
O Laboratório de Informática da Mariquinha já está quase pronto e os aparelhos comprados: 5 micro-computadores, teclados, mouses e estabilizadores. Ainda faltam os monitores, já que apenas um foi comprado até o momento devido ao aumento inesperado dos preços. “Estamos buscando alternativas para garantir que este dinheiro seja muito bem investido e esperamos contar também com doações de computadores e monitores usados”, diz Tobias. Outra parcela do dinheiro foi gasta na instalação elétrica, cabeamento, rede, acesso à internet e estações de trabalho do novo laboratório.
A doação da campanha também será usada no pagamento do professor até dezembro de 2022. Com base no levantamento realizado entre a própria comunidade e depoimentos dos primeiros alunos, a grade curricular também já está praticamente definida. As aulas serão divididas entre informática básica, desenvolvimento de aplicativos, empreendedorismo digital, introdução à programação, marketing digital e formação de e-atletas.
Incentivo – Atentos a todas as explicações e depoimentos dos alunos, os presidentes Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto (Sindifisco Florianópolis), Antonio Massuyama (Unafisco) e Antonio Carlos Silveira (Anfip-SC) se sensibilizaram com as histórias de vida e exemplos de superação. Em diversos momentos, compartilharam também um pouco de suas experiências pessoais e incentivaram cada um deles a seguir buscando capacitação e novas oportunidades no mercado de trabalho.
Os três também se colocaram à disposição do Projeto Cidades Invisíveis para futuras parcerias e para conhecer as instalações do Laboratório de Informática da Mariquinha. “Eu sei o quanto pode ser difícil aprender a usar alguns desses sistemas, mas também sei que a gente não pode desistir: estudem, aproveitem as oportunidades e busquem uma vida melhor para vocês e suas famílias. Vocês merecem o nosso apoio e o nosso aplauso”, disse emocionado o presidente Bebeto.
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO SINDIFISCO NACIONAL FLORIANÓPOLIS
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